Milhões de pessoas ao redor do mundo sofrem de apneia do sono, uma condição que pode afetar seriamente a qualidade de vida. Muitas nem sabem que têm esse problema. A apneia do sono é um distúrbio respiratório que causa pausas na respiração durante o sono, levando a despertares frequentes e sono não reparador.
Esta condição não apenas afeta o descanso noturno, mas também pode causar problemas graves de saúde se não tratada. Identificar os sintomas, entender as causas e conhecer as opções de tratamento são passos importantes para quem suspeita ter apneia do sono. Este guia explora tudo o que você precisa saber sobre essa condição, desde o diagnóstico até as formas mais eficazes de tratamento.
O que é apneia do sono?
A apneia do sono é um distúrbio que faz a pessoa parar de respirar durante o sono, com pausas que podem durar alguns segundos ou minutos. Existem três tipos principais: apneia obstrutiva do sono, apneia central do sono e apneia mista (ou complexa). Na apneia obstrutiva, os músculos da garganta relaxam em excesso, bloqueando a passagem do ar.
Já na apneia central, o cérebro não envia os sinais corretos para os músculos respiratórios, e no tipo misto, há uma combinação das duas formas. Durante uma pausa, os níveis de oxigênio no sangue caem, levando o cérebro a acordar a pessoa para retomar a respiração, muitas vezes sem que ela perceba.
Tipos de apneia do sono
Existem três tipos principais de apneia do sono, cada um com causas e tratamentos específicos.
Apneia obstrutiva do sono
É o tipo mais comum, ocorrendo quando os músculos da garganta relaxam demais durante o sono e as vias respiratórias se fecham parcial ou completamente, dificultando a passagem do ar.
Pessoas com sobrepeso, especialmente homens acima de 40 anos, têm maior risco, mas mulheres, principalmente após a menopausa, também podem ser afetadas.
Principais características:
- Ronco alto e frequente
- Pausas na respiração durante o sono
- Engasgos ou sufocamento noturno
- Sonolência excessiva durante o dia
Apneia central do sono
Menos comum, ocorre quando o cérebro não envia sinais adequados aos músculos respiratórios. As vias aéreas permanecem abertas, mas a respiração para temporariamente. Essa condição está frequentemente associada a problemas cardíacos, neurológicos ou ao uso de medicamentos opioides.
Diferenças importantes:
- Não há obstrução física
- Ronco é menos comum
- Pausas respiratórias são mais silenciosas
- Pode acordar com falta de ar
Apneia mista
Combina características dos tipos obstrutivo e central: começa como apneia central e evolui para obstrutiva. O tratamento é mais complexo, exigindo abordagens que tratem tanto o aspecto neurológico quanto a obstrução física. Pessoas com apneia mista podem precisar de equipamentos especiais que ajustam automaticamente a pressão do ar conforme necessário.
Sintomas de apneia do sono: Como identificar
A apneia do sono provoca sintomas tanto durante a noite quanto ao longo do dia. Os sinais noturnos mais comuns são ronco alto, pausas na respiração e sono agitado, enquanto durante o dia predominam cansaço, sonolência e dificuldade de concentração.
Sintomas durante o sono
O ronco intenso é um dos principais indícios, frequentemente acompanhado de pausas respiratórias e despertares noturnos, geralmente sem que a pessoa perceba. Outros sintomas incluem acordar ofegante, suor excessivo e necessidade frequente de urinar à noite.
Sinais durante o dia
Cansaço constante, sonolência excessiva, dificuldade para se concentrar, problemas de memória, dor de cabeça matinal e irritabilidade são frequentes. Esses sintomas afetam o desempenho no trabalho, nos estudos e nas atividades diárias, podendo causar até mesmo episódios de adormecimento em situações inadequadas.
Quais as causas da apneia do sono?
A apneia do sono resulta de diversos fatores de risco e condições médicas associadas. Entre os principais fatores estão idade (risco maior após os 40 anos), sexo masculino, sobrepeso e obesidade, além de características físicas como pescoço grosso, língua grande, mandíbula pequena e amígdalas aumentadas. Histórico familiar também aumenta a probabilidade de desenvolver o distúrbio.
Hábitos de vida como fumar, consumir álcool antes de dormir e uso de medicamentos para dormir contribuem para o surgimento da apneia. Entre as condições associadas, destacam-se problemas hormonais (hipotireoidismo, acromegalia), doenças cardíacas (insuficiência cardíaca), diabetes tipo 2, hipertensão, refluxo gastroesofágico e síndrome dos ovários policísticos.
Medicamentos como relaxantes musculares e opioides também podem favorecer o desenvolvimento do distúrbio ao relaxar excessivamente os músculos respiratórios.
Apneia do sono: riscos à saúde e complicações
A apneia do sono não é apenas um incômodo durante a noite. Trata-se de uma condição que pode trazer sérios problemas ao organismo. Cada pausa respiratória faz o nível de oxigênio no sangue cair rapidamente, forçando o coração a trabalhar mais e aumentando a pressão arterial.
Esse esforço extra eleva as chances de hipertensão, arritmias, infarto e até derrame. Pessoas com apneia têm até três vezes mais risco de desenvolver pressão alta e apresentam maior probabilidade de complicações cardiovasculares.
Consequências neurológicas e cognitivas
O cérebro também sofre com a falta de oxigênio durante o sono. As interrupções repetidas prejudicam as células cerebrais e impedem que o organismo descanse de forma adequada. Como consequência, a memória e o raciocínio ficam comprometidos. Surgem dificuldades de concentração, lapsos de memória e sonolência diurna.
Essa fadiga constante aumenta inclusive o risco de acidentes. Indivíduos com apneia não tratada têm até sete vezes mais chances de se envolver em colisões no trânsito.
Diagnóstico da apneia do sono
O processo diagnóstico começa com a avaliação clínica do histórico do paciente e dos sintomas relatados. O médico investiga sinais como ronco frequente, pausas na respiração e sonolência excessiva durante o dia.
Também são considerados fatores de risco como obesidade, idade avançada e características físicas do pescoço e da mandíbula. Muitas vezes, parceiros de cama são fundamentais para relatar episódios de interrupção da respiração.
Polissonografia: como funciona
O exame mais confiável para confirmar a apneia é a polissonografia. Realizada em laboratório do sono, ela monitora o paciente durante uma noite inteira. Sensores registram a atividade cerebral, movimentos oculares, respiração, batimentos cardíacos e níveis de oxigênio no sangue.
Com esses dados, é possível confirmar a presença da apneia, medir sua gravidade e orientar o tratamento adequado para reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida.
Qual especialista procurar para tratar apneia do sono?
O tratamento da apneia do sono pode envolver diferentes especialistas. O pneumologista é o mais comum, mas otorrinolaringologistas avaliam nariz, garganta e vias respiratórias superiores, enquanto neurologistas do sono realizam exames detalhados e diagnósticos.
Dentistas especializados em odontologia do sono oferecem aparelhos orais que mantêm as vias aéreas abertas. O clínico geral costuma ser o primeiro contato, realizando a avaliação inicial e encaminhando para especialistas conforme a gravidade dos sintomas.
Centros do sono em alguns hospitais reúnem equipes multidisciplinares para um atendimento integrado. Casos simples podem ser acompanhados pelo clínico geral, enquanto apneia grave exige acompanhamento especializado para garantir o diagnóstico correto e o tratamento adequado.
Tratamentos para apneia do sono: Opções eficazes
Há diversas opções de tratamento para apneia do sono, capazes de melhorar significativamente a qualidade de vida do paciente. As abordagens vão desde mudanças no estilo de vida até cirurgias mais complexas.
Mudanças de hábito e prevenção
A perda de peso é fundamental para muitos casos, já que o excesso de gordura no pescoço pressiona as vias respiratórias durante o sono. Perder apenas 10% do peso corporal pode reduzir significativamente os episódios de apneia, e uma dieta equilibrada com exercícios regulares é essencial nesse processo.
Outras mudanças importantes incluem dormir de lado, evitar álcool quatro horas antes de dormir, parar de fumar e manter horários regulares de sono. O álcool relaxa os músculos da garganta, piorando os bloqueios respiratórios, enquanto o tabaco inflama as vias respiratórias superiores, estreitando a passagem de ar.
CPAP e Aparelhos intraorais
O CPAP é o tratamento mais comum para apneia moderada e grave, soprando ar pressurizado através de uma máscara para manter as vias respiratórias abertas durante toda a noite. A maioria das pessoas sente melhora imediata na qualidade do sono.
Existem diferentes tipos de máscaras: nasal (cobre apenas o nariz), oronasal (cobre nariz e boca) e pillow nasal (pequenos tubos nas narinas). Para apneia leve a moderada, os aparelhos intraorais, feitos sob medida por dentistas especializados, puxam a mandíbula e língua para frente e requerem ajustes regulares para máxima eficácia.
Fonoaudiologia e posicionamento
Exercícios de fonoaudiologia fortalecem os músculos da língua e garganta, reduzindo o colapso das vias respiratórias. Práticas eficazes incluem pressionar a língua contra o céu da boca, fazer gargarejos sem água e exercitar músculos da face.
A terapia posicional é indicada para quem tem apneia apenas ao dormir de costas; travesseiros especiais ou métodos simples, como costurar uma bola de tênis na parte de trás do pijama, ajudam a manter a pessoa de lado durante o sono.
Cirurgias e estimulação do nervo
A cirurgia é considerada quando outros tratamentos não funcionam, com procedimentos como uvulopalatofaringoplastia (remoção de tecido da garganta), cirurgia nasal (correção de desvio de septo) e avanço mandibular (movimentação da mandíbula para frente).
A estimulação do nervo hipoglosso é uma opção mais recente, em que um pequeno dispositivo implantado no peito estimula o nervo responsável pela movimentação da língua, impedindo o bloqueio das vias aéreas, especialmente em casos de apneia moderada.
Como dormir melhor com apneia do sono
A posição ao dormir influencia diretamente a gravidade da apneia. Dormir de lado reduz bloqueios na garganta, enquanto dormir de costas pode agravar o quadro. Mudanças no ambiente, como usar um travesseiro cervical para manter a postura adequada, adicionar travesseiros extras para elevar a cabeça, manter o ar úmido com umidificador e remover alérgenos como poeira e pelos, contribuem para um sono de melhor qualidade.
O peso corporal também impacta a apneia: perder alguns quilos já pode trazer melhorias significativas. Estabelecer uma rotina noturna, indo para a cama no mesmo horário todos os dias e evitando álcool e cigarro antes de dormir, é fundamental.
O tratamento médico, incluindo o uso de aparelhos como o CPAP, é essencial para manter as vias aéreas abertas. Exercícios para a garganta, como cantar ou tocar instrumentos de sopro, fortalecem a musculatura e podem ser feitos durante o dia. Além disso, a temperatura do quarto deve ser mantida entre 18 e 21 graus para evitar piora dos sintomas. Também é importante observar o conforto da cama, já que um colchão muito duro pode prejudicar a postura e o sono, aumentando o desconforto em pessoas que já convivem com distúrbios respiratórios como a apneia.
Perguntas Frequentes
A seguir, reunimos as dúvidas mais comuns sobre apneia do sono. Essas respostas rápidas ajudam a entender melhor a condição, seus sintomas e os principais tratamentos.
Sim.
Obstrutiva: a mais comum, causada pelo relaxamento da garganta.
Central: falha do cérebro em enviar sinais aos músculos respiratórios.
Mista: combinação das duas.
Bloqueio das vias aéreas por relaxamento dos tecidos da garganta. Risco maior em obesidade, idade avançada, formato do pescoço, amígdalas grandes, uso de álcool ou sedativos.
Moderada a grave: CPAP.
Leve a moderada: aparelhos orais.
Casos específicos: cirurgias.
Sempre: mudanças de estilo de vida (perda de peso, evitar álcool, parar de fumar).
Sim. O sono ruim aumenta estresse e pode causar depressão e crises de ansiedade. O tratamento da apneia costuma melhorar esses sintomas.
Perder peso é uma das formas mais eficazes de reduzir sintomas leves de apneia, dormir de lado, evitar álcool e sedativos, usar travesseiros especiais, verificar a altura do travesseiro e fazer exercícios para língua e garganta.